Estava resfriada, mil remédios, mil dicas, acabou no limão da vovó. Isso ela tomava. Como sabia que tomar limão era batata? Saber ela não sabia, mas a avó falou, coisa boa deve ser.
Cada vez que ficava muito em dúvida, horas no quarto confabulando o melhor caminho indo do nada a lugar algum, a avó não titubeava: “ caminhe, minha filha, se tropeçar , levante, mas caminhe”. Saber ela não sabia, mas a avó falou, coisa boa deve ser.
Quando uma fofoca começava no trabalho e a avó pedia para ela não passar adiante, que podia sobrar pra ela, ela parava. Como sabia que seria o melhor caminho? Saber ela não sabia, mas a avó falou, coisa boa deve ser.
Nossa, alguém pensaria, que menina frágil. Tudo o que a avó quer, ela faz sem questionar…
Não é a toa, quando alguém quer dar um conselho bom, fala “conselho de vó”.
A menina não esperou dez pessoas tomarem o limão para tomar. A ordem foi seguida. Por detrás dessa ordem, tinha um vínculo.
Como o velho caseiro da família que diz ao sinhozinho, filho da madame “vai por mim, essa quantidade de tijolo é pouca”. E o sinhozinho nem titubeia em comprar mais. O sinhozinho sabe que o caseiro nunca que frequentou uma cadeira de engenharia civil, mas tinha um vínculo. Ele viu todas as casas daquele clan serem construídas.
Nossa, o que o velho caseiro e uma avó tem em comum?
A menina pensou em procurar confiança no dicionário. Abriu na página onde se lia “fé”. Antes de ler a definição, resolveu perguntar ao pai o que era “fé” . Ele respondeu de um jeito judaico, usando a lei de Moisés, uma resposta que se preservou em cinco mil , setecentos e poucos anos: Fé é “fazer, depois escutar”. O pai falou, coisa boa deve ser. Largou o dicionário no canto.
como se faz uma escuta?