Todo mundo já deu ou pelo menos pensou em dar. Isso é fato. Definitivamente, isso não é letreiro de motel. O “dar” aqui é bem outro. Em pleno dia das mães quem ganhou o presente fui eu: a filha da mae. Dessa mãe que eu divido com vocês.
Eu, que sempre vou na contramão, vi minha própria mãe, em pleno dia das mães, trocando as bolas. Quem deveria dar era eu e, pasmem, recebi o presente. Minha mãe me cutucou para voltar a tomar um remédio que o médico disse que eu terei que tomar a vida inteira. Teimosa, numa nuance melancolica, inventei de suspendê-lo por conta própria. Minha doença é crônica e eu preciso tomar palavra todo dia. Sabendo disso, ela me deu de presente essa ordem, quando disse ” vai, Carlos, digo, vai, Gisela, vai tomar palavra”.
Mãe, se eu pudesse recomecar o dia e trocar meu silêncio, meu segundo dia de TPM, meu vazio, minha vontade de não dar um pio por um “eu te amo”… se eu pudesse não, se eu puder simplesmente falar que você, em pleno dia das mães, deu um presente a sua própria filha, quando a avistou orfã de si, depois que
me enfiei numa melancolia e parei há três semanas de comer do doce de palavras… mãe, se eu ainda puder dizer que você me salvou de mim, quando linda, sensivel, me cutucou para voltar a escrever, insinuando que eu fizesse um texto de aniversario para a tia que eu amo…
Três semanas pra mim sem meu remedio é muito. Estava me sentindo morta por dentro, com vontade de sorrir e nao conseguindo. Fugindo do mundo sem perceber que louco nao sai de casa sem o remedinho tomado. So sei me ler no mundo pela minha escrita. É com ela que levanto a cabeça. É por ela que saibo de mim e caibo nos dias.
Sem texto eu arrumo pretexto pra me sabotar. Com linhas aquecidas por silabas, eu digo minha verdade e me vejo bonita, maiúscula, dançarina cheia de ginga nas rodas da vida. Com palavra cavo meu caminho, faço meu hino, me protejo de qualquer lampejo de mal me quer. Só com texto bolado eu abro o olho do apetite e quero comer as horas com muita pitada de açúcar e afeto. Com a palavra eu consigo nao ter medo do mundo e ter vontade de acordar.
Feliz dia das mães atrasado e obrigada por me mostrar quem eu posso gostar de ver no espelho!
O texto todo é ótimo e mais ainda isto: “So sei me ler no mundo pela minha escrita.” Adorei-o também porque eu o poderia ter escrito, não pela escrita ou pela forma, que cada um é um e escreve do seu jeito, mas pela idéia e pelo sentimento, sinto o mesmo e talvez sofra de doença semelhante, e adorei ler uma outra pessoa escrevendo algo que existe em mim também!
http://www.opiadeiro.com/06138bc5af6023646ede0e1f7c1eac75-Loira_Revoltada.htm
supimpa
legal o texto, achei que foi um desabafo não é,,,,,?
um jeito de dizer: ” Eu preciso viver, eu to aqui, olha.pra mim……”
imagino que escrever desse jeito deve ser como procurar…por um fio luz que teima apagar, ou pelo amanhecer que ainda não chegou, mas chegará…
bju Gisela
oi mãe te amo do fundo do coração , voce é minha Mãe preferida do udo,! um beijo um abraso!!!!!!!!!!!
eu adoro os dias das maes elas e amenhor coisa amor de finho e manhor do que mae